Por Oswaldo Viviani
Os empresários Fernando José Macieira Sarney, filho do senador José Sarney, e sua mulher Teresa Cristina Murad Sarney – sócios-proprietários do Sistema Mirante de Comunicação (cuja TV é retransmissora da Rede Globo no Maranhão) – deram início, nesta semana, a uma onda de demissões no sistema, no que se prevê que seja o início de um ‘enxugamento’ no quadro de pessoal da empresa após a derrota do grupo Sarney nas eleições para governador.
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O diretor de redação do jornal Estado do Maranhão, Ribamar Corrêa, e os radialistas André Martins e Mário Carvalho já foram demitidos. São profissionais que há cerca de duas décadas prestavam serviços ao Grupo Mirante. Ao menos outra dezena de profissionais renomados e fiéis ao grupo Sarney estariam no ‘listão’ de demissões, comentado boca a boca pela imprensa maranhense. Igualmente à boca pequena, fala-se até na venda de parte do Sistema Mirante a um conhecido grupo piauiense.
O Sistema Mirante fatura aproximadamente R$ 2 milhões por mês em publicidade paga pelo governo estadual, cuja titular é Roseana Sarney – irmã de Fernando e cunhada de Teresa (irmã de Jorge Murad, marido de Roseana).
A dinheirama despejada pelos cofres públicos na Mirante – que significa a maior fatia do bolo dos recursos destinados à publicidade institucional – vai ser estancada em dezembro, quando termina a gestão roseanista.
O governador eleito Flávio Dino já avisou que em sua gestão os recursos do Estado serão distribuídos com parcimônia. Por isso, a necessidade da reengenharia na Mirante para ‘contenção de custos’, segundo a direção do grupo.
Não será a primeira vez que a sangria de recursos públicos destinados ao Sistema Mirante sofrerá um corte.
Quando o então governador José Reinaldo Tavares rompeu com José Sarney, em maio de 2004, sua primeira medida foi acabar com o privilégio do Grupo Mirante. José Reinaldo governou rompido com Sarney até 31 de dezembro de 2006.
Mesmo assim, nessa época, apesar das torneiras fechadas do Palácio dos Leões para a Mirante, o sistema não entrou em crise profunda.
O mesmo ocorreu na breve gestão de Jackson Lago (PDT; janeiro de 2007 a meados de abril de 2009; cassado pela via judicial), quando, com a ajuda de secretários que sempre mantiveram relações com o grupo Sarney, o sistema Mirante voltou a ser beneficiado com o financiamento dos cofres do Estado – mesmo com Lago sendo atacado impiedosa e sistematicamente pela mídia sarneysista.
Agora, a crise parece rondar novamente o império econômico dos Sarneys, que, dependente ao extremo dos recursos públicos, corre o risco de sofrer uma débâcle semelhante à vista em 5 de outubro no campo político.